sexta-feira, 15 de outubro de 2010

coisas que toda garota tem que escrever

escrever
de verdade, eu não sei exatamente por onde desenterrar esse blog. não quero transformar em diarinho, mas não tenho paciência pra transformá-lo em registro de minha tentativa fracassada de Julie Powell ou tirar fotos diárias das minhas roupas (que se resumem basicamente em jeans + camiseta) e postar, achando que tô abafando - só pra fazer um adendo de que eu não sou contra quem faz isso, é só porque eu não tenho esse talento mesmo. mas dada a necessidade mundana e momentânea de digitar umas poucas palavras na internet e de criar um fim pra esse blog que eu fiz de algum jeito e me apeguei, tô aqui digitando. um pouco também pela nostalgia de ter um blog, de uma época em que internet era refúgio de mundo e eu ainda tinha coragem de mandar a url pros amigos comentarem. pra você (um stalker perdido que achou isso aqui no Google e ainda não fechou) ver, depois de formada em jornalismo e não ter coragem de mostrar nem pra mãe o que eu escrevo é sinal de preocupação.

limpar
arrumei meu quarto essa semana (apenas um dia não foi suficiente pra eu me desfazer de toda a poeira e lixo que estavam coabitando comigo) e resolvi fazer uma limpa em todas as coisas antigas que eu não usava mais. a ideia veio da minha mãe, que achou coerente eu ter mais espaço no armário e perguntou se eu não queria me desfazer de, sei lá, todos os meus bichos de pelúcia da infância pra colocar alguma coisa que tenha mais utilidade pra mim. foi com uma dor no coração que eu coloquei em uma enorme sacola a Soneca (uma ursa que era mais preguiçosa do que eu) e o gato feio e escaldado que não tinha nome, mas era como um filho pra mim. parece que foi ontem que eu colocava fraldas no Rex (e se eu soubesse hoje em dia que os cachorros só usam fralda quando tem disenteria ou menstruação, nem teria colocado), então ele ainda permanece dentro do armário. queria dar um final feliz como os brinquedos do Andy, mas acontece que eu sou egoísta demais pra deixar outra criança ficar com as minhas coisas.
e, nesse mesmo armário precário com as estantes caindo (se alguém quiser me dar um emprego pra eu poder financiar um armário novo pra mim beleza), resolvi limpar uns papéis que eu nem tinha coragem de relar, com medo de estar modificando o habitat natural das traças daqui de casa. mas uma hora eu tinha que criar coragem e expulsá-las dali, porque era ocupação ilegal. joguei fora sete sacos de supermercado cheios de lixo (e aí não me venham com suas ecobags de 15 reais porque no supermercado perto de casa ainda dão sacos de plástico de graça), em geral, cartas que eu recebi desde a 3ª série.


aurora da minha infância
se eu fosse descrever minha vida social durante o colégio, eu diria que provavelmente me pintaria de mártir por sobreviver à típica pressão escolar. é o meu jeitinho só lembrar das coisas ruins que aconteceram e, quando reli algumas cartas, sequer lembrava que houve alguns bons momentos que eu apaguei na minha memória enquanto eu me sentia vitimada pela civilização. eu era uma dramática de merda e ainda consigo ser, em níveis menores, sem precisar registrar no meu diário como fulano ou cicrana me feriram e merecem pagar por isso. como minha vida funciona é regrada pelos livros de autoajuda, decidi não levar isso pra minha vida.

de verdade, eu achei que eu já fosse supersuperada com a história de ginásio. mas aí eu sempre tenho essas nostalgias de ler as merdas do passado, então resolvi deletar tudo, pra não ficar olhando histórico de papos constrangedores. o melhor é que não dá pra fazer backup (hahaha como sou engraçada usando metáforas de linguagem de informática pra minha vida). tinha guardado até a carta mais mal escrita do universo (facilmente notada pela letra garranchada e pelo preenchimento de 80% da carta com uma música dos Backstreet Boys). eu lembrar que aquela carta foi o estopim de uma briga com uma menina não me parece o assunto de uma pessoa superada. daí, né, que nessa semana nostálgica de poeira e ácaros, eu decidi que ia dar cabo a toda essa parte do meu passado que ocupa uma estante inteira do meu armário.

mas todo mundo sabe que se eu tiver Alzheimer, provavelmente vou esquecer tudo que foi bom e só lembrar dessas merdas

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